A Secretária Regional da Energia, Ambiente e Turismo sublinhou as políticas públicas “centradas no território e na salvaguarda dos valores naturais, paisagísticos e culturais da vinha do Pico”, que permitiram evidenciar a importância desta paisagem no contexto local e global e “transformaram por completo, a paisagem e a economia da ilha”.
“Os Açores estão, claramente, na linha da frente no que diz respeito à implementação de políticas públicas de ambiente, ordenamento do território e paisagem, fruto de uma estratégia que destaca a importância do património natural e cultural, uma vez que este é o nosso principal ativo”, salientou Marta Guerreiro, que falava sexta-feira, na Madalena, na sessão solene que assinalou o aniversário das classificações da Paisagem da Cultura da Vinha do Pico.
“Ao evocarmos estas duas datas (27 de junho de 1996 e 2 de julho de 2004), celebramos um processo recente de recuperação do património da vinha do Pico, projetando-o no futuro, mas estamos também a honrar uma História com mais de cinco séculos e a memória destas gentes que, determinadas e de geração em geração, teimaram em 'da pedra fazer vinho' e que construíram uma parcela importante da identidade do Povo Açoriano”, frisou Marta Guerreiro.
“Um caso de sucesso que possa servir de inspiração para outros espaços do nosso território, para o país e para o mundo”, acrescentou.
A titular da pasta do Ambiente apontou a classificação como Paisagem Protegida e a sua integração na Rede de Áreas Protegidas dos Açores, em 1996, como ponto de partida para a aprovação pela UNESCO da inscrição na estrita lista do Património Mundial, em 2 de julho de 2004, “momento decisivo de uma história de inegável sucesso”.
“Foi um processo longo e complexo, iniciado em 2001, e que revela, mais uma vez, a tenacidade dos Açorianos e dos Picarotos, em particular”, afirmou.
A governante salientou que, “no contexto da candidatura a Património Mundial, foram aprovados os primeiros sistemas de apoio à reabilitação e à manutenção da paisagem tradicional da cultura da vinha em currais, e foi elaborado um plano especial de ordenamento da Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico”.
“Estes instrumentos, afirmaram-se pelo seu caráter estruturante e foram absolutamente críticos na reversão do abandono das vinhas e da degradação da paisagem, permitindo a sua transformação numa paisagem vitícola viva, com caraterísticas únicas e uma crescente relevância económica e social”, frisou a Secretária Regional, acrescentando que “tudo isto foi desenvolvido no contexto de uma área protegida”.
Nesse sentido, destacou que “um século e meio depois do declínio da atividade vitivinícola, o vinho do Pico voltou a entrar nos mercados externos e a ser reconhecido internacionalmente", salientando que, "nos últimos anos e com regularidade, os vinhos do Pico, em especial os brancos, têm sido distinguidos entre os melhores, alguns deles com notações de excelência”.
“Todo este processo, que integra um vasto conjunto de políticas públicas com incidência territorial, tem vindo a despertar a atenção e a ser destacado, a nível nacional e internacional”, reforçou Marta Guerreiro, lembrando que, em 2016, os Green Project Awards distinguiram o processo de reabilitação da cultura da vinha em currais com uma menção honrosa na categoria 'Mar, Agricultura e Turismo', assim como o facto de ter vencido o Prémio Nacional da Paisagem de 2018.
Marta Guerreiro adiantou ainda que a Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico está designada “como finalista de um prémio internacional que visa distinguir as melhores práticas em paisagens culturais de relevância europeia, cujo vencedor será conhecido no início de setembro”.
GaCS/HMB