O Dia Internacional dos Monumentos e Sítios foi criado pelo ICOMOS (Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios) a 18 de abril de 1982 e aprovado pela UNESCO no ano seguinte. Esta comemoração pretende sensibilizar o público para a diversidade e vulnerabilidade do património, bem como para o esforço envolvido na sua proteção e conservação.
Anualmente, o ICOMOS sugere temas que estabeleçam uma ligação entre as realidades locais, regionais, nacionais e internacionais. O tema deste ano, “Culturas Partilhadas, Património Partilhado, Responsabilidades Partilhadas”, tem como finalidade promover a noção de partilha enquanto legado indissociável de património num contexto mundial em que este constitui parte integrante e indispensável da nossa identidade cultural, na sua perceção mais abrangente e enquanto fator de identidade e agregação de grupos e de comunidades, de relações entre culturas e de responsabilização coletiva na proteção e salvaguarda dos atributos, significados e valores que constituem a nossa herança comum.
A Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, classificada como Património Mundial da UNESCO desde 2004 e recebendo por consequência a designação de Monumento Nacional, ocupa uma área total de 987 hectares, envolvida por uma zona tampão com 1924 hectares, e tem como referência emblemática dois sítios – o Lajido da Criação Velha e o Lajido de Santa Luzia – implantados em extensos campos de lava caracterizados por uma extrema riqueza e beleza natural e paisagística. Estes sítios foram classificados por constituírem excelentes representações da arquitetura tradicional ligada à cultura da vinha, do desenho da paisagem e dos elementos naturais. A diversidade faunística e florística aí presente está associada a uma abundância de espécies e comunidades endémicas, raras e com estatuto de proteção.
Este bem consiste numa espantosa rede de longos muros de pedra, espaçados entre si, que foram erguidos para proteger, do vento e da água do mar, as videiras plantadas em milhares de pequenos recintos retangulares (currais), colados uns aos outros. Remontando ao século XV, a presença da viticultura manifestou-se através desta extraordinária manta de retalhos de pequenos campos, de casas e quintas do início do século XIX, de ermidas, portinhos e poços de maré. A paisagem modelada pelo homem, de uma beleza extraordinária, é o melhor testemunho que subsiste de uma atividade outrora muito ativa.
Com a classificação da Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, a entidade gestora em conjunto com a comunidade local têm a responsabilidade partilhada de a preservar, de forma a mantê-la em bom estado de conservação, tal como de partilhar o conhecimento sobre as suas particularidades e unicidade para que este possa ser transmitido para as gerações vindouras.
Foto: Parque Natural do Pico