O Diretor Regional do Ambiente, Hernâni Jorge, revelou hoje, à margem da ação de devolução ao meio natural de um milhafre (Buteo buteo rothschildi), na Quinta de São Lourenço, que, desde o início da implementação da rede no arquipélago, os Centros de Reabilitação de Aves Selvagens (CERAS-Açores) já acolheram, no total, 945 indivíduos, de diversas espécies.
A reintrodução da ave de rapina na natureza decorreu após um período de tratamento no Centro de Reabilitação de Aves Selvagens do Pico, o que lhe permitiu recuperar dos ferimentos que apresentava numa das patas, resultantes de retenção em cativeiro, quando foi resgatada por uma equipa de Vigilantes da Natureza, no dia 8 de maio, na freguesia dos Flamengos, onde também foi libertada.
Na ocasião, Hernâni Jorge, aproveitou para “condenar o comportamento daqueles – felizmente, cada vez menos –, que não respeitam a natureza e a biodiversidade”, acrescentando que “sendo o milhafre uma espécie protegida prioritária, a sua captura ou detenção em cativeiro constituem uma contraordenação ambiental grave, punível com coima entre 2.000 a 20.000 euros, em caso de negligência, ou de 4.000 a 40.000 euros, em caso de dolo”.
A este propósito, o Diretor Regional do Ambiente referiu, ainda, que, perante os indícios existentes, foi solicitada a colaboração da Polícia de Segurança Pública para a confirmação da identidade do infrator, com vista a ser desencadeado o correspondente processo de contraordenação.
Aludindo à evocação, na próxima sexta-feira, dia 22 de maio, do Dia Mundial da Biodiversidade, Hernâni Jorge salientou a “importância da preservação do nosso património natural, enquanto objetivo central das políticas públicas de conservação da natureza”, lembrando, em particular, “o papel da rede de Centros de Reabilitação de Aves Selvagens (CERAS) que disponibiliza as condições necessárias ao tratamento das aves selvagens”.
Os CERAS têm como missão o resgate de aves selvagens feridas, debilitadas ou em risco, promovendo a sua adequada reabilitação, com o objetivo final de devolvê-las ao meio natural. Como complemento, mas sempre com enfoque na conservação da diversidade biológica, contribuem também para a sensibilização ambiental, envolvendo a população, especialmente o público escolar, seja através da divulgação do trabalho desenvolvido, seja por via da promoção do conhecimento acerca das aves selvagens, residentes e migratórias, que ocorrem nos Açores, bem como para o conhecimento científico destas aves, através do registo de dados biométricos e da recolha de material biológico, colaborando com estudos e projetos de investigação.
Em 2019, os três CERAS acolheram 99 aves selvagens para tratamento e recuperação, das quais 18 foram registadas no CERAS Corvo, 29 no CERAS Pico e 52 no CERAS São Miguel.
Fotos: Bruno Pereira/Azorina