A Secretaria Regional do Ambiente e Alterações Climáticas, através da Direção Regional do Ambiente e Alterações Climáticas, no âmbito do projeto LIFE VIDALIA, organizou no passado dia 12 de março uma intervenção em altitude para o controlo de espécies invasoras.
A intervenção, realizada no interior do Caldeirão do Cabeço Verde, no Faial, teve como alvo o controlo de espécies como o como o feto-azevinho (Cyrtomium falcatum), silvado-bravo (Rubus ulmifolius) e roca-de-velha (Hedychium gardnerianum).
Durante a ação, foi colhido pela primeira vez material vegetal de visgo (Tolpis succulenta), o que permitiu finalmente iniciar os trabalhos de propagação desta espécie em vias de extinção no Faial.
Os trabalhos foram realizados pela Associação “Os Montanheiros”, com recurso a cordas e a técnicas de escalada, o que permitiu alcançar a população de visgo que o botânico Hanno Schäfer identificou em 1999 e que, até agora, e apesar das várias tentativas e abordagens, se havia mantido inacessível.
O visgo (Tolpis succulenta) é uma espécie rara nos Açores, sendo que a sua população - composta apenas por dois indivíduos num talude instável no interior do Caldeirão do Cabeço Verde - é a única nesta ilha.
Após a colheita do material, o trabalho de propagação foi iniciado no viveiro de plantas raras do Jardim Botânico do Faial, com recurso a estacas de visgo colocadas em substrato para formarem raízes.
Com esta intervenção foi dado um importante passo para concretizar o sonho antigo de preservar a única população de visgo do Faial.
O Caldeirão do Cabeço Verde localiza-se no interior da ilha, a uma altitude de cerca de 400 metros.
Em 1999, o botânico Hanno Schäfer identificou, neste local, um curioso núcleo de espécies tipicamente costeiras, como salsa-burra (Daucus carota subsp. azoricus), cubres (Solidago azorica), visgo (Tolpis succulenta) e vidália (Azorina vidalii).
Esta descoberta, além de surpreendente, foi de grande importância, pois à data não havia registo de populações naturais de vidália nem de visgo no Faial.
Em 2018, a existência destas espécies levou a que se implementasse neste local a única área de intervenção do projeto LIFE VIDALIA localizada longe da costa.
O LIFE VIDALIA é um projeto cofinanciado pelo programa LIFE da União Europeia e tem um total de investimento de cerca de 1,8 milhões de euros para reforçar as populações naturais das espécies vidália (Azorina vidalii) e lótus (Lotus azoricus), melhorar os seus habitats e, ao mesmo tempo, reduzir os seus fatores de ameaça, com trabalhos de conservação que abrangem todos os sítios da Rede Natura 2000 nas ilhas do Pico, Faial e São Jorge.
Até 2023, estima-se aumentar nestas ilhas os efetivos populacionais de vidália (Azorina vidalii) em mais de 200% e de lótus (Lotus azoricus) em mais de 400%.
© Governo dos Açores | Foto: SRAAC