Os ecossistemas dunares dos Açores encontram-se confinados a apenas duas pequenas áreas, sendo unicamente observáveis na Praia de Porto Pim, no Faial, e na Praia da Vitória, na Terceira. Estas formações costeiras são o resultado do depósito de areias transportadas pelo vento que, uma vez estabilizadas, são fixas pela vegetação. Formações de frágil equilíbrio e para as quais a atividade humana é uma constante ameaça, as dunas são ecossistemas de reconhecida importância na proteção das costas, prevenindo a invasão das áreas terrestres pelo mar, promovendo a retenção das areias e, ademais, servindo de refúgio a várias espécies que, nos Açores, apenas encontram as condições necessárias à sua sobrevivência nestes locais.
As dunas de Porto Pim são classificadas como dunas fixas costeiras com vegetação herbácea (“dunas cinzentas”), habitat prioritário presente no Anexo I da Diretiva Habitats, o que evidencia a importância da conservação deste ecossistema. A delicadeza desta formação arenosa é tal que a sua continuidade é completamente dependente da biodiversidade vegetal que lhe serve de coberto, pois são as raízes que fixam as areias. A vegetação dunar de Porto Pim inclui plantas de escassa distribuição no nosso Arquipélago, como a Ipomoea imperati (grafonola-branca), cujas flores brancas abrem ao nascer do sol para fecharem ao final do dia, a Cakile edentula, herbácea das areias costeiras que nos Açores apenas ocorre nestas dunas e na Praia da Ribeira Grande, em São Miguel, e a Salsola kali (soda-espinhosa), planta que deve o seu nome-comum às folhas pontiagudas que ostenta.
Assim, e no âmbito da temática anual do programa Bandeira Azul “Recuperação de Ecossistema” e para salientar a importância e fragilidade destas formações dunares, o Parque Natural do Faial realizou no passado mês de abril uma ação de sensibilização ambiental para a plantação de espécies de flora endémicas em parceria com a Direção Regional dos Assuntos do Mar, o projeto LIFE VIDALIA e o projeto Moviment’art da APDAIF – Associação de Pais e Amigos dos Deficientes da Ilha do Faial.
A recuperação de ecossistemas destruídos ou degradados contribui fortemente para a mitigação, resiliência e adaptação às alterações climáticas, bem como para a proteção da biodiversidade e a melhoria da saúde e bem-estar da população.
Na área periférica a estas dunas, realçamos a população de Azorina vidalii (vidália) que motivou a implementação da área de intervenção do Monte da Guia do projeto LIFE VIDALIA. O referido projeto, que tem como principal objetivo melhorar o estado de conservação das espécies endémicas Azorina vidalii (vidália) e Lotus azoricus (lótus) e tem as suas áreas de intervenção distribuídas pelas ilhas do triângulo (Faial, Pico e São Jorge), tem levado a cabo um importante trabalho de contribuir para a renaturalização da vegetação de toda a área entre o Monte da Guia e o Monte Queimado, incluindo a da própria duna.