Encontros Regionais

Contexto Geográfico

Os Açores, o Faial e o Vulcão dos Capelinhos 

As ilhas dos Açores constituem um arquipélago edificado numa zona geológica extremamente complexa, com características únicas em termos de geodinâmica terrestre, o que lhes atribui um carácter ativo, nomeadamente no que se refere ao vulcanismo e à sismicidade.  

As distintas condições ecológicas, mesmo entre as diversas ilhas, possibilitam uma riqueza paisagística única no mundo. A vegetação natural contém uma das últimas e mais velhas florestas virgens da Europa, a floresta Laurissilva. Em termos faunísticos, são os artrópodes que constituem o grupo com maior diversidade nas ilhas. Visto como um símbolo do Arquipélago, importa salientar a única espécie endémica de mamíferos: Nyctalus azoreum (morcego dos Açores).  

Para preservar tão precioso tesouro natural, foram criados os Parques Naturais dos Açores, a Unidade de Gestão das Áreas Protegidas, integrando em cada ilha as áreas classificadas, numa gestão orientada para a sua conservação, bem como para a utilização sustentável dos recursos naturais, de forma a potenciar o turismo e o bem-estar das suas comunidades. 

As estruturas de promoção e interpretação ambiental dos Parques Naturais de Ilha dos Açores englobam 124 áreas protegidas (terrestres e marinhas), classificadas de acordo com a nomenclatura da IUCN, e incluem a Rede Regional de Centros Ambientais, com 19 estruturas visitáveis, trilhos e circuitos interpretativos pedestres, miradouros, casas e outras infraestruturas de apoio, em cada ilha do Arquipélago, permitindo dar a conhecer o valioso património natural açoriano e a importância da sua conservação, proteção e valorização. 

Pela sua extrema riqueza biológica e geológica, este Arquipélago possui um vasto leque de classificações, nomeadamente 121 geossítios que integram o Açores Geoparque Mundial da UNESCO, 13 Zonas Húmidas ou Sítios Ramsar, quatro Reservas da Biosfera (Flores, Corvo, Graciosa e Fajãs de São Jorge), dois sítios Património da UNESCO (Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico e Centro Histórico de Angra do Heroísmo), IBA’s (Áreas importantes para as Aves e Biodiversidade) e áreas integradas na Rede Natura 2000. 

 

Parque Natural do Faial 

O Parque Natural do Faial, criado em 2008, está repleto de paisagens arrebatadoras, aves e plantas únicas e formações geológicas emblemáticas. Tem como missão a conservação deste património natural e a preservação da herança cultural de uma longa história de convivência entre o Homem e a natureza.  

A sua diversidade é alvo de admiração e fascínio por parte dos seus visitantes, englobando três Reservas Naturais, um Monumento Natural, duas Áreas de Paisagem Protegida, quatro Áreas Protegidas para a Gestão de Habitats ou Espécies e quatro Áreas Protegidas de Gestão de Recursos. 

Abrange também várias áreas da Rede Natura 2000 e um Sítio Ramsar ao abrigo da Convenção Ramsar. Além destas áreas, na ilha do Faial estão identificados nove geossítios do Açores Geoparque Mundial da UNESCO.

De forma a proporcionar uma visita de qualidade aos seus visitantes, o Parque Natural dispõe de quatro centros ambientais: o Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos, o Jardim Botânico do Faial, a Estação de Peixes Vivos - Aquário de Porto Pim e a Casa dos Dabney; uma casa de apoio, a Casa do Cantoneiro, e, para além de dez trilhos pedestres, tem ainda dois circuitos interpretativos e um circuito de BTT. 

Em 2011, o Parque Natural do Faial foi considerado pela Comissão Europeia um Destino Europeu de Excelência (EDEN), sendo o único local em Portugal ao obter este galardão, cumprindo, assim, uma promessa de sustentabilidade social, cultural e ambiental. 

Também nesse ano, o Jardim Botânico do Faial recebeu a Menção Honrosa na categoria “Requalificação de Projeto Público” dos prémios do Turismo de Portugal. 

No ano seguinte, a Paisagem do Vulcão dos Capelinhos obteve o 2.º lugar no Prémio Paisagem Nacional 2012, atribuído com base na implementação de políticas e medidas de proteção, gestão e/ou ordenamento da paisagem. 

Em 2013, o Parque Natural recebeu uma Menção Honrosa na categoria “Community Building” nos EDEN Innovation Awards, que diferenciam destinos europeus de excelência pelas suas iniciativas nas áreas de marketing, desenvolvimento local e coesão social. 

Em 2016, os Açores ficaram entre os cinco melhores destinos europeus, no seguimento da votação concretizada pela European Best Destinations (melhores destinos europeus) e o Faial foi considerado um dos melhores tesouros escondidos da Europa (hidden gems). O Parque Natural ganhou o prémio na categoria “Nature Experience” nos EDEN Innovation Awards com a experiência da descida à Caldeira. 

 

Vulcão dos Capelinhos 

Com cerca de 125 hectares, este Monumento Natural estende-se desde as rochas basálticas da ponta sudoeste do cais do Porto do Comprido até ao Costado da Nau. 

Foi classificado em função dos seus valores estéticos e naturais, designadamente a singularidade geológica e a biodiversidade associadas a espécies e habitats protegidos, bem como da expressiva componente cultural e histórica da erupção do Vulcão dos Capelinhos. 

A evolução natural da paisagem deve-se à presença de elementos geomorfológicos de elevada representatividade, bem como à possibilidade de observar diferentes produtos vulcânicos das diferentes fases eruptivas. 

O Vulcão dos Capelinhos tornou-se um marco histórico a nível vulcanológico, quando, entre 27 de setembro de 1957 e 24 de outubro de 1958, ocorreu uma erupção no mar, a cerca de um quilómetro da costa noroeste da ilha do Faial, a uma profundidade máxima de 60 metros. Durante os 13 meses de atividade, este vulcão teve duas fases distintas: a submarina, caracterizada por grandes explosões com emissão de jatos de cinza, colunas de vapor de água e outros gases; e a subaérea, com a projeção de piroclastos de maiores dimensões e emissão de escoadas lávicas. 

A acumulação dos 174 milhões de m3 de material emitido e dos 2,4 Km2 de área criada, levaram à criação das chamadas “Terras Novas”, uma paisagem lunar que se erguia até aos 160 metros de altura. Com o fim da erupção, iniciou-se, de imediato, um novo processo de alteração e destruição da paisagem, em resultado da ação dos agentes erosivos. 

O Vulcão dos Capelinhos e Costado da Nau é um geossítio de relevância internacional do Açores Geoparque Mundial da UNESCO e esta área está integrada na Zona de Especial Conservação (ZEC) e na Zona de Proteção Especial (ZPE) da Caldeira e Capelinhos, no âmbito da Rede Natura 2000.