20-10-2020 09:45

Parque EscolaCagarro

Conhecer para proteger – o cagarro vai à escola

É a partir do final de fevereiro que os cagarros adultos voltam aos Açores para ocupar os seus ninhos, geralmente situados em cavidades naturais e fendas nas falésias costeiras das ilhas e ilhéus. Os acasalamentos ocorrem até meados de maio e as fêmeas põem o seu ovo, o único do ano, que é incubado pelos dois progenitores durante cerca de 54 dias. As crias eclodem durante a segunda metade de julho, são alimentadas pelos dois progenitores e podem ficar no ninho até 90 dias.

No final do seu desenvolvimento, e perto de realizarem o seu primeiro voo (entre outubro e novembro), os progenitores abandonam e deixam de alimentar as crias. É este fenómeno que os impele a saírem do ninho em busca de alimento e para, posteriormente, iniciarem uma longa viagem de migração para águas mais quentes (hemisfério sul). Os jovens cagarros, encorajados, acabam por se colocar em perigo, quando durante as primeiras tentativas de voo colidem com objetos luminosos, confundindo-os com as estrelas, que os orientam para a sua migração.

De forma a contribuir para a preservação da espécie Calonectris borealis (cagarro), desde 1995 que é promovida, anualmente, a Campanha SOS Cagarro, pela Direção Regional dos Assuntos do Mar, com o apoio da Direção Regional do Ambiente através da operacionalização dos Parques Naturais dos Açores, mas também com a colaboração de inúmeras organizações não governamentais de ambiente e população em geral. Esta campanha, composta por duas vertentes – educação/sensibilização ambiental e conservação da natureza –, tem como principal objetivo envolver as populações e entidades no salvamento dos cagarros juvenis encontrados junto às estradas e na sua proximidade e decorre, normalmente, entre 15 de outubro e 15 de novembro, período que coincide com a saída dos cagarros juvenis para o primeiro voo oceânico.

De forma a alertar a comunidade escolar para a importância da preservação desta espécie e visando a sensibilização para os cuidados mais adequados a ter em situações de encadeamento e atropelamento de cagarros jovens nas estradas, os Parques Naturais, através das Ecotecas, promovem ações de sensibilização que incluem a leitura de contos, a dinamização de jogos, a simulação de resgates ou apresentação de palestras sobre o tema, junto das escolas da Região, bem como brigadas no terreno para recolha de cagarros juvenis e libertação dos mesmos.

Desde 2014, os Parques Naturais dinamizaram mais de 600 sessões que abrangeram cerca de 15 500 alunos e professores.

Foto: Parque Natural do Faial